Dia desses, estive em uma estação antiga. Ainda cheirava a pão de queijo novinho e, ao fundo, ainda tocava a velha e brega trilha sonora dos que viajam. Música com acordes de despedida. Sou apegada a rituais de passagem. A besteiras enraizadas nos dilemas internos.
Nunca tive problemas em admitir as fragilidades de uma insegurança ingênua, adocicada com o gosto amargo dos tropeços e enganos. Das coisas mais demoradas e difíceis para mim são as despedidas. Regularmente, em dias barulhentos de saudade ou bagunça, me movimento ao lugar das partidas. Um ato simbólico para despedir-me de versões antigas. É como se, a cada passagem de trem, eu tivesse a chance de colocar tralhas de mim. Sem passagem de volta. Sem roteiro definido.
Sempre foi difícil arrumar as malas. Não sou econômica na vida, o que dificulta algumas escolhas. Não é possível conciliar tudo, mas também é preciso adquirir muita maturidade para identificar o que faz parte da nossa história e o que, por vezes, o vento e as palavras trazem por engano. Conhecer os próprios limites e valores é a única coisa necessária para não correr o risco de compartilhar viagens erradas ou aceitar destinos que não são nossos. E é uma ilusão achar que a troca de vagão trará um novo lugar.
*Escrito por Thiane Avila
Publicado por Juliano Dotto
Dia desses, estive em uma estação antiga. Ainda cheirava a pão de queijo novinho e, ao fundo, ainda tocava a velha e brega trilha sonora dos que viajam. Música com acordes de despedida. Sou apegada a rituais de passagem. A besteiras enraizadas nos dilemas internos.
Nunca tive problemas em admitir as fragilidades de uma insegurança ingênua, adocicada com o gosto amargo dos tropeços e enganos. Das coisas mais demoradas e difíceis para mim são as despedidas. Regularmente, em dias barulhentos de saudade ou bagunça, me movimento ao lugar das partidas. Um ato simbólico para despedir-me de versões antigas. É como se, a cada passagem de trem, eu tivesse a chance de colocar tralhas de mim. Sem passagem de volta. Sem roteiro definido.
Sempre foi difícil arrumar as malas. Não sou econômica na vida, o que dificulta algumas escolhas. Não é possível conciliar tudo, mas também é preciso adquirir muita maturidade para identificar o que faz parte da nossa história e o que, por vezes, o vento e as palavras trazem por engano. Conhecer os próprios limites e valores é a única coisa necessária para não correr o risco de compartilhar viagens erradas ou aceitar destinos que não são nossos. E é uma ilusão achar que a troca de vagão trará um novo lugar.
*Escrito por Thiane Avila